Problemas como déficit de profissionais, falta de segurança e estruturas inadequadas foram alguns dos problemas encontrados durante a fiscalização do CRM-DF

 

Em fiscalização na manhã desta quinta-feira (21), no Hospital Regional de Brazlândia (HRBz), o Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) encontrou a unidade de saúde abandonada, sem diretor e responsável técnico, com déficit de profissionais, falta de insumos e medicamento, superlotação e infraestrutura precária.

No corredor, pacientes internados disputavam o lugar em bancos e “leitos” improvisados. Um jovem de 28 anos esperava cirurgia há três dias para a retirada de uma hérnia na região do abdome. Com dor, o paciente teve que ficar deitado em um banco de madeira para receber a medicação. Outros fatores que chamaram atenção foram o de crianças e adultos internados juntos e pacientes deitados no chão por não ter leito suficiente, além de estrutura com infiltrações, baratas e formigas dentro de consultórios. Esse é o retrato do HRBz.

Com 30 crianças internadas na unidade hospitalar, duas pediatras se desdobravam para atender a grande demanda interna e os atendimentos que chegavam ao pronto-socorro. Do lado de fora, pais e crianças reclamavam da demora no atendimento. “Nós temos que fazer mágica aqui dentro para conseguir atender todos os internados e a porta. Estamos sobrecarregados. A população acredita que o médico está aqui fazendo nada, mas na verdade estamos nos desdobrando para da conta de tudo sem ter condições mínimas de trabalho”, desabafou um funcionário do quadro. As pediatras também atendem a neonatologia devido ao déficit desses profissionais em toda a rede pública de saúde do DF. 

Médicos das áreas de ginecologia e cirurgia geral reclamavam da falta de profissionais e das péssimas condições de trabalho. Costumeiramente, os plantões contam com apenas um médico ou, no máximo, dois médicos frente à emergência em todos os setores do hospital. Outra reclamação foi do sistema trackare, como os computadores não são trocados há mais de 15 anos, a ferramenta trava com frequência, durante prescrições de medicamentos e registro de históricos que compromete todo o atendimento.

Falta de Segurança

Os funcionários enfatizaram ao CRM-DF a preocupação da segurança dentro do hospital. Após a divulgação de um vídeo, nas redes sociais e na mídia, acusando, inveridicamente, médicos de negarem atendimento, a população se voltou contra os profissionais da unidade. Após o caso ter repercutido em todo DF, o diretor do hospital foi exonerado e outro escolhido nesta semana, mas o responsável ainda não assumiu a unidade de saúde.

Os servidores estão trabalhando com medo e os pacientes revoltados entram agressivos nos consultórios. “O que este policial militar fez é irreparável, ele filmou dizendo que os médicos trabalham aqui, o que é inverídico. A população está muito agressiva e não entende que na realidade, estamos tentando fazer de tudo para conseguir atender a grande demanda e que estamos atuando com péssimas condições de trabalho”, conta um servidor.

Pedido de Melhorias

Uma equipe do Departamento de Fiscalização do CRM-DF vistoriou todas as áreas do hospital e documentou com fotos e depoimentos de funcionários os problemas enfrentados pelos profissionais de saúde, além das condições precárias de estrutura do local. Um relatório com todas as informações foi feito pela autarquia e será entregue a Secretaria de Saúde do DF e ao Ministério Público cobrando a resolução imediata da situação. “O CRM-DF sai em defesa da saúde, da medicina e do médico. O hospital está funcionando de forma inadequada, os médicos não são culpados desses problemas, eles estão se desdobrando para atender, mas só conseguem fazer aquilo que está dentro da capacidade deles. Vamos cobrar melhorias urgentes”, explica o presidente do CRM-DF, Farid Buitrago Sanchez.

O Sindicato dos Médicos do DF também esteve no hospital e conferiu os problemas in loco. O presidente do SindMédico-DF Gutemberg Fialho, informou que vai denunciar à Corregedoria da Polícia Militar a atitude do PM dentro do Hospital de Brazlândia. “Além de não condizer com a verdade, os vídeos são, claramente, uma forma de autopromoção de um policial que quer ser candidato em 2022, como ele mesmo afirma em suas redes sociais”, destaca Gutemberg.

 

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