Durante três dias de programação, entre 26 e 28 de novembro, o Distrito Federal recebeu o VI Congresso de Ética Médica do DF e o IV Congresso de Ética Médica dos Estudantes de Medicina do DF, que reuniram autoridades, especialistas e estudantes em torno dos principais desafios éticos da prática médica.
O encontro, promovido pelo Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF), abordou desde temas clássicos da bioética até discussões sobre tecnologia, inteligência artificial e segurança de dados, sempre sob a ótica da responsabilidade profissional.
Abertura marcada por reflexões sobre o papel social da medicina
O congresso foi oficialmente aberto no dia 26, em uma solenidade que reuniu representantes de diversas entidades médicas. Estiveram na mesa de abertura a presidente do CRM-DF, Dra. Lívia Vanessa Ribeiro; o presidente da AMEB, Dr. Etelvino de Souza Trindade; a diretora de Relações com a Comunidade da AMBR, Dra. Gilda Ladeira Adorno; o conselheiro consultivo do SindMédico, Dr. Flávio Dias de Abreu; e o representante da DENEM, George Luiz Neris Caetano.
A conferência de abertura ficou a cargo do ministro aposentado do STF, Carlos Ayres Britto, que discutiu “A ética médica na sociedade contemporânea”, destacando o impacto das transformações sociais sobre a responsabilidade dos profissionais de saúde.
Ainda no primeiro dia, a mesa “Publicidade e Prática Profissional: Responsabilidade e Autonomia” reuniu Dr. Alessandro Timbó Nilo, Dr. Alexandre Kataoka (CREMESP) e Dr. Robertson Correia Bernardo, que discutiram as fronteiras éticas da comunicação médica em um cenário de redes sociais, influenciadores e judicialização crescente.
Os estudantes também apresentaram seus trabalhos científicos, que foram avaliados ao longo do evento.
Tecnologia, gênero e justiça distributiva dominam o segundo dia
O segundo dia ampliou o leque de discussões ao abordar diferentes fronteiras do cuidado. A programação começou com a mesa “Medicina e Gênero”, conduzida por Tânia Mara Campos de Almeida, que destacou como desigualdades na formação e no atendimento influenciam a experiência de pacientes e profissionais.
Na sequência, a mesa “Bioética, Justiça Distributiva e Responsabilidade Médica” reuniu Hiza Maria Silva Carpina Lima, Dra. Marisa Palácios e Camila Vasconcelos. O grupo discutiu desafios como escassez de recursos, equidade no SUS, judicialização e a tensão entre demandas sociais e limites do sistema de saúde.
Já a mesa “Tecnologia, Segurança de Dados e Responsabilidade em IA” encerrou a noite com uma análise crítica das mudanças trazidas pela revolução digital. Dr. Jeancarlo F. Cavalcante, Dra. Paula Fuscaldo Calderon e Dr. Giliate Cardoso Coelho Neto discutiram regulamentação, riscos éticos do uso de inteligência artificial e responsabilidades envolvendo sigilo e proteção de dados.
Pseudociência e limites do cuidado encerram o debate no terceiro dia
O último dia do congresso aprofundou temas ligados diretamente à prática cotidiana. A conferência “A Pseudociência e o Risco do Falso Cuidado”, ministrada pelo conselheiro do CRM-DF Dr. Adérito Guedes da Cruz Filho, alertou sobre terapias sem comprovação científica, seus impactos na saúde pública e os desafios para a orientação segura aos pacientes.
As Diretivas Antecipadas de Vontade estiveram no centro da mesa seguinte. Dra. Marcela Sena Braga apresentou o tema “Diretivas Antecipadas de Vontade no Contexto da Saúde Mental”, enquanto Dra. Laura Ferraz abordou “Quando Dizer Basta é um Ato de Cuidado”. A mesa trouxe ao debate a autonomia do paciente, os limites terapêuticos e o papel do médico em decisões difíceis.
O congresso foi encerrado com a premiação dos trabalhos científicos, reconhecendo a contribuição de estudantes que investigam temas relevantes para a ética e para o futuro da medicina.
Um encontro que aponta caminhos
Ao longo de três dias, o VI Congresso de Ética Médica do DF e o IV Congresso dos Estudantes mostraram que a ética segue no centro das transformações da saúde. Entre discussões sobre tecnologia, cuidado, autonomia e responsabilidade, o evento reforçou a importância de uma medicina crítica, humanizada e capaz de responder aos desafios atuais e futuros da sociedade.