Nesta quinta-feira (10), foi o ultimo dia do IV Fórum de Prevenção ao Suicídio. O evento terminou no Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. As palestras da noite foram ministradas pela médica psiquiatra e coordenadora de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Maria Dilma Teodoro, que discursou sobre “transtorno de humor e suicídio”, e a psiquiatra e membro da Câmara Técnica de Psiquiatria do CRM-DF, Josianne Oliveira, apresentou sobre o tema “Suicídio e automutilação”.

A moderação do evento foi realizada pelo psiquiatra e conselheiro do CRM-DF, Carlos Guilherme Figueiredo. “No mês de setembro nós concentramos esforços a levar para a população informações técnicas e de qualidade de algo que fazemos o ano inteiro, ou seja, atividades educativas através do conselho e das associações de especialidade. O intuito é o de abordar temas extremamente importantes, sobre Setembro Amarelo, a prevenção, combater estigmas e prevenir o suicídio”, disse o conselheiro na abertura do Fórum.

A psiquiatra Maria Dilma Teodoro iniciou a palestra com a informação de que mais de 90% das vítimas de suicídio apresentam uma patologia psiquiátrica diagnosticável, assim como a maioria das pessoas que tentam o suicídio. Estudos apontam que a patologia mais comumente associada ao suicídio são os transtornos de humor e que as mortalidades por suicídio nesses pacientes atingem índices entre 7% e 19%, chegando a apresentar taxas 15 vezes superiores às encontradas na população geral.

O transtorno afetivo bipolar é uma doença crônica, grave e tem uma prevalência estimada entre 1% e 1,6% da população geral, podendo atingir 8,3% se considerarmos a prevalência do espectro bipolar. “Tão prevalente hoje, no nosso país. Os usos de álcool de drogas podem desencadear quadros de transtornos mentais, em especial os transtornos de humor, aumentando por si o risco de suicídio”, informou Maia Dilma.

A psiquiatra explicou ainda que o Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) é o transtorno mental mais associado ao comportamento suicida, cerca de 50% dos portadores tentam suicídio ao menos uma vez em suas vidas e 15% efetivamente se suicidam.

No Brasil, um estudo epidemiológico de base populacional, que avaliou 1.464 indivíduos, na cidade de São Paulo, mostrou uma prevalência de tentativa de suicídio ao longo da vida de 20,8% em pacientes com TAB tipo I e 32% em portadores de TAB tipo II. Em pacientes com outros transtornos psiquiátricos essa taxa foi de 1,1%. “Ao analisarmos esses índices, percebemos o quanto os riscos são grandes em quem tem transtornos de humor, principalmente TAB”, disse a médica.

Fatores de risco nessa população:

Impulsividade, agressividade, número de episódios depressivos no decorrer da doença, número de hospitalizações psiquiátricas, idade de início da doença, história prévia de tentativa de suicídio, comorbidades, história familiar de suicídio, predomínio de sintomas depressivos, severidade dos episódios, episódios mistos, ciclagem rápida, abuso e uso de álcool e outras drogas. “Toda e qualquer tentativa deve ser valorizada, investigada e tratada para se prevenir, pois muitas vezes o paciente faz uma tentativa aparentemente com risco menor de êxito, não é valorizada por quem esta perto e acaba consumando realmente o suicídio posteriormente. Estudos têm demonstrado que o risco de suicídio pode ser maior nos primeiros anos de doença e o atraso no diagnóstico pode aumentar o risco de suicídio. O maior desafio é vencer o preconceito”, finalizou a psiquiatra.

            A médica Josianne Oliveira mostrou a diferença entre tentativa de suicídio e a automutilação. Segundo a psiquiatra, na tentativa de suicídio, a pessoa pretende acabar com a própria vida, na maioria dos casos há uma sensação crônica de desesperança e solidão, acreditam que o método é letal, existe um risco claro de que as tentativas sejam repetidas, mas em menor freqüência do que a automutilação não suicida.

Já a automutilação, normalmente, é praticada sem intenção suicida, o estado emocional é de raiva aguda, desespero ou angustia intolerável, formas menos graves e não ameaçadoras para a vida, normalmente, a pessoa esta ciente de que os ferimentos podem causar ferimentos graves, mas não é fatal, a recorrência da automutilação é mais comum. “A automutilação exclui a autolesão acidental ou indireta, comportamento suicida e comportamentos sociais aceitos (tatuagens, piercings, rituais religiosos)”, comentou Josianne.

A médica também informou o porquê devemos tratar os dois temas:

Suicídio:

 800 mil suicídios por ano, em todo o mundo;

 Esta entre as 10 principais causas de morte na população geral;

 No mundo é a principal causa de morte entre a faixa etária de 10 a 24 anos;

Em 2018, mais de 13 mil mortes autoprovocadas no Brasil;

17% da população brasileira já apresentou alguma ideação suicida ao longo da vida;

O comportamento suicida é a emergência psiquiátrica mais comum entre os adolescentes;

 Transtornos psiquiátricos. 

 

 Automutilação:

 Adolescentes com automutilação repetitiva é mais susceptível ao uso indevido de substâncias (estratégias disfuncionais de regulação emocional);

 É um fator de risco significativo para tentativas de suicídio e suicídio;

 Adultos com mais de 65 anos apresenta maior relato de intenção suicida do que qualquer outra faixa etária;

Transtorno de personalidade;

 Aproximadamente 17,1% dos pacientes com lesões autoprovocadas repetem o ato durante o primeiro ano de acompanhamento. 

“Precisamos estimular a pedir ajuda profissional, se for criança ou adolescente ajudar a contar sobre seus pensamentos para um adulto responsável, demonstrar preocupação com a sua segurança e mostrar interesse em ajudá-lo, demonstrar empatia e não julgar, desmitificar e tratar a doença psiquiátrica, acompanhar pessoas que tentaram suicídio anteriormente, identificar fatores que acionam ou mantém comportamentos autolesivos, desenvolver estratégia de desenvolvimento de conflitos, trabalhar com fatores de proteção (autoestima, suporte familiar, espiritualidade, entre outros)”, explicou a médica.

Para a prevenção, Josianne recomendou a prevenção, treinamento de médicos não psiquiatras, reduzir acesso das pessoas aos meios utilizados, cobertura responsável pelos meios de comunicação e intervenções nas escolas. 

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