Evento será nos dias 8, 9 e 10 de setembro no canal do Youtube do CRM-DF

O Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) realizou nesta terça-feira (08), a abertura do IV Fórum de Prevenção ao Suicídio, em apoio à campanha Setembro Amarelo. O evento terá três dias de duração (08, 09 e 10) e abordará temas relevantes sobre o assunto. O evento esta sendo transmitido pelo canal oficial no Youtube do Conselho das 19h30 às 20h30.

O primeiro dia do Fórum contou com a presença da psiquiatra e conselheira do CRM-DF, Renata Figueiredo, que abordou o tema sobre a Ética Médica, e a psiquiatra e membro da Câmara Técnica de Psiquiatria do CRM-DF, Renata Rainha, com o tema “Suicídio em médicos”. A moderadora do evento foi a 1ª secretária do CRM-DF, Marcela Montandon, que destacou a importância da luta contra a prevenção do suicídio em todo o mundo. “O mês de setembro foi escolhido para a campanha porque, desde 2003, o dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. A idéia é promover eventos que abram espaço para debates sobre suicídio e divulgar o tema alertando a população sobre a importância de sua discussão”, disse Marcela.

A médica Renata Figueiredo comentou sobre a importância da ética médica no mês de prevenção ao suicídio. De acordo com a psiquiatra, 96,8% das pessoas que cometem suicídio sofriam de problemas psiquiátricos. “Os dados apontam que para cada suicídio consumado, quatro foram tentados. Estimamos que 40% dessas pessoas procuraram ajuda médica antes de cometer o suicídio, por isso os profissionais de saúde são tão fundamentais na prevenção do suicídio”, informou. A conselheira também explica que os médicos têm autonomia para decidir o tratamento dos pacientes como, por exemplo, a decisão por internações involuntárias (aquelas feitas sem o consentimento do paciente), sempre com o intuito de minimizar os prejuízos e prezar pelos benefícios dos tratamentos ofertados, sempre respeitando o sigilo das informações, com exceção dos casos previstos em Lei.

 É vedado ao médico:

       Art. 73. Revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício de sua profissão, salvo por motivo justo, dever legal ou consentimento, por escrito, do paciente. Parágrafo único. Permanece essa proibição:

       a) mesmo que o fato seja de conhecimento público ou o paciente tenha falecido;

       b) quando de seu depoimento como testemunha (nessa hipótese, o médico comparecerá perante a autoridade e declarará seu impedimento);

       c) na investigação de suspeita de crime, o médico estará impedido de revelar segredo que possa expor o paciente a processo penal.

 Consentimento escrito e dever legal:

       A autorização expressa do paciente não enseja nenhum dilema moral, visto que existe um acordo de vontades entre médico e paciente, e aquele não estará fraudando a confiança que lhe foi depositada.

       As dúvidas suscitadas por eventual dever legal de quebra de sigilo médico, por sua vez, são de fácil resolução: basta o conhecimento das leis que determinam a violação do segredo.

Dra. Renata Figueiredo também comentou sobre os procedimentos médicos nos casos de pacientes com risco de suicídio. “É importante ter a documentação, registros clínicos sobre os pacientes e familiares, proceder à avaliação contínua; estabelecer comunicação constante com pacientes e familiares de forma clara, envolvendo-os no processo – rede de apoio, adotar abordagem multidisciplinar e Intervir, prevenir e interromper atos que possam colocar a vida em risco (explicitar os motivos da internação). É importante que a população se informe mais sobre o tema e que seja desmitificada a cultura e o tabu em torno do tema”, ressaltou.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 320 milhões de pessoas são diagnosticadas com depressão. Mais de 60% dos casos aumentaram nos últimos 45 anos, e no Brasil, o número subiu 30%, nos últimos 25 anos. “Ainda temos muitos casos subnotificados, mas a cada 40 segundo uma pessoa comete suicídio, a cada três segundos uma pessoa tenta suicídio e a cada suicídio, pelo menos outras 10 pessoas são atingidas com a perda. Essa é a triste realidade em que vivemos atualmente”, informou a psiquiatra Renata Rainha.

O que é o suicídio? A pessoa esta buscando a morte ou resolver a dor? Na realidade, a pessoa pensa no suicídio porque quer deixar de sentir dor, por isso primeiro encara os sentimentos de morte, depois idealiza o suicídio, faz tentativas e depois comete o ato. Cerca de quase 60% das pessoas que tentam o suicídio morrem na primeira tentativa, 40% repetem a ação ao longo da vida, 25% tenta novamente nos próximos 12 meses e 12% se suicidam em 10 anos.

O segundo bloco, a médica Renata Rainha alertou os participantes sobre o suicídio entre os médicos. A profissional apontou dados alarmantes de casos entre os colegas de trabalho. “Ser médico no imaginário popular é como se fossemos pessoas maravilhosas, sem problemas, mas a realidade é diferente. Temos jornadas longas, múltiplos empregos, privação de sono, horários irregulares de alimentação, contato freqüente com dor, morte, tristeza, limitação burocráticas, falta de suporte, insegurança, medo, entre outros fatores”, comentou. Para a psiquiatra, o médico esta mais sujeito ao quadro de depressão.

“O maior número ocorre entre as mulheres médicas e a especialidade apontada nas pesquisas como mais corriqueira entre os casos de suicídio é a anestesiologia”, comentou. “É importante formarmos uma rede de apoio para os colegas, ficarmos atentos as mudanças comportamentais, situações de alerta, sinais de exaustão, de mutilação, dificuldade de tomar decisão, compulsão por comida, compras, sexo, envolvimento com álcool ou outras drogas, isolamento social, insegurança, entre outros comportamentos fora do comum”, informou Renata Rainha.

Em 2004, a universidade Oxford realizou uma autópsia em 38 médicos que tinham praticado o suicídio. Destes, 25 apresentavam transtorno mental já diagnosticado e uso abusivo de álcool, 25 tinham problemas relacionados ao trabalho, 14 estavam com problemas de relacionamentos interpessoais, 10 com problemas financeiros, e 12 apresentavam o conjunto desses fatores. “Escute, tente entender o problema do outro, mostre-se disponível, ajude, fale de fé e espiritualidade”, concluiu a psiquiatra.

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