A falta de equipamentos, a precária estrutura e o déficit de médicos no Hospital Regional de Samambaia inviabilizam o atendimento da população e prejudicam o exercício médico.


O Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRMDF) realizará uma interdição ética parcial no pronto-socorro da unidade do Hospital Regional de Samambaia, junto aos setores de Clínica Médica e Pediatria, no dia 08 de junho. O intuito dessa medida é sanar as irregularidades que geram riscos à saúde e à vida dos pacientes e dos profissionais vinculados à unidade. Dessa forma, os médicos estarão impedidos de atuarem nessas especialidades, até que a situação do hospital melhore e haja condições mínimas de trabalho para o exercício da medicina. A interdição foi decida pelos conselheiros após a análise do relatório da última fiscalização do CRM na unidade, realizada na tarde de ontem, onde foram constatadas irregularidades graves que prejudicam diretamente a prática segura do exercício médico.

Tanto a diretoria do Hospital Regional de Samambaia como a Secretaria de Saúde do Distrito Federal estavam cientes das deficiências da unidade. Ambos receberam um ofício do Conselho, na última quinta-feira (20), que solicitava providências imediatas para sanar as irregularidades do hospital, registradas pelo setor de fiscalização do Conselho, no último mês de maio e no ano passado. Infelizmente, não houve nesse período solução para os casos denunciados, mesmo após o prazo final de 15 dias, estipulado pelo CRMDF. Na realidade, a Secretaria e a diretoria da unidade realizaram pequenas alterações nesse período, como a instalação, por exemplo, de apenas um aparelho de RX convencional, o que não soluciona o quadro precário do hospital. Houve também a promessa de contratação de 10 médicos para o setor de pediatra e clínica médica, o que ainda seria insuficiente para o hospital.

Vale ressaltar que a unidade sofre, atualmente, um sério déficit de médicos, os plantões chegam a funcionar com apenas um médico e algumas especialidades já ficaram sem nenhum plantonista na escala. Os médicos que trabalham no quadro ficam tão sobrecarregados que chegam a realizar plantões sucessivos e acumulam uma carga horária desumana de até 48 horas ininterruptas, o que normalmente é restrito a 12 horas. Não há também cardiologista e nefrologista na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), o que contraria a determinação do CFM. A falta de leitos e a precária estrutura existente são outros fatores que prejudicam o atendimento. O box de emergência da pediatria, por exemplo, atende apenas um paciente com instabilidade respiratória, devido a única saída de oxigênio e ar comprimido do local. A mesma situação é encontrada no box de emergência da Clínica Médica, que apesar de já possuir a tubulação necessária, a mesma ainda não estava em funcionamento.

Há também um déficit de equipamentos e insumos no local, sem contar a ausência de manutenção dos poucos aparelhos que restam no hospital. As enfermarias não possuem ao menos um desfibrilador e um monitor cardíaco (carrinho de parada), essencial ao atendimento emergencial e de internação. Não há também respirador/ventilador mecânico no pronto-socorro, o único aparelho disponível encontra-se na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Dos três elevadores existentes no local, apenas um está em funcionamento e o mesmo transporta pacientes, cadáveres, alimentação e até lixo.

O CRMDF averiguou também que a obra existente no local, desde o ano passado, ainda não foi concluída nas salas de radiologia e tomografia. O atraso impede a instalação de novos aparelhos, obtidos há dez meses, que se encontram, atualmente, encaixotados nos corredores do hospital. Foi constatado também pelo Conselho que todos os médicos empossados, nos dois últimos concursos, já pediram exoneração do cargo, devido às péssimas condições de trabalho e a sobrecarga de serviço encontrada na unidade. Infelizmente, esse cenário é vivenciado diariamente pelo corpo clínico que ainda trabalha na unidade e que luta por uma reestruturação do hospital. Vale ressaltar que o CRMDF informou também o Ministério Público e o Sindicato dos Médicos do Distrito Federal sobre todas as irregularidades descritas.

Fonte: Assessoria de Imprensa – CRMDF

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