O HRC foi o primeiro hospital a ser vistoriado. Postos de saúde e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) também entrarão no cronograma de fiscalização

O Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal e os Conselheiros Federais do DF em ação conjunta com o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), conselhos profissionais e sindicatos da saúde, realizou nesta terça-feira (14), uma Força Tarefa no Hospital Regional de Ceilândia (HRC).

Os principais locais fiscalizados foram o pronto-socorro, a UTI neonatal, a pediatria, o centro obstétrico, a sala vermelha do HRC e a ala de odontologia. Durante a vistoria, havia pacientes da ortopedia que aguardavam mais de um mês para fazer uma cirurgia, pacientes internados nos corredores, soros pendurados em locais improvisados. Uma sala com pacientes internados em cadeiras por falta de macas, atendimento sem classificação de risco, aparelhos sem manutenção, entre outros problemas. “Não adianta mais colocar a culpa nos médicos e servidores, há várias inadequações que causam insegurança ao paciente e ao exercício profissional da profissão”, comentou a conselheira federal, Rosylane Rocha.

A médica descreveu o panorama encontrado no HRC como cenário de guerra. “No hospital está sendo feito uma medicina de guerra. A diferença é que quando os profissionais de saúde retornam da guerra eles são recebidos como heróis, já aqui no DF, os profissionais são culpados pelo caos na saúde, pela desassistência e acabam sendo vistos como vilões”, disse.

A presidente de Comissão de Direito a Saúde da OAB, Alexandra Moreshi, repetiu que os profissionais de saúde trabalham fazem medicina de guerra, que fazem os atendimentos com carinho e dedicação, mas sem condições de trabalho. Ela ainda ressaltou: “Este é o retrato do caos de toda a saúde do DF”.

Na odontologia do hospital, a falta de insumos, medicamentos e de profissionais foram os principais problemas apontados pelo Sindicato de Odontologia. A presidente do Sindicato, Jeovânia Rodrigues, pretende que a força tarefa consiga enxergar a Rede Pública como um todo para poder apontar boas propostas de soluções. “Temos que dar resposta a população e aos profissionais de saúde, não adianta só criticar os problemas que todos nós já sabemos que existe”, afirmou Jeovânia.

A força-tarefa vai fiscalizar várias unidades de saúde do DF, como hospitais regionais, postos de saúde e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). O objetivo é traçar um diagnóstico preciso sobre a situação atual do Sistema Único de Saúde do DF. “Vamos identificar os principais problemas do atendimento aos usuários e propor soluções específicas para a população que passa pela atenção primaria, secundaria e terciária”, explicou o presidente do CRM-DF, Farid Buitrago Sánchez.

O presidente do CRM-DF também criticou as exonerações de diretores feitas pelo governador, Ibaneis Rocha (MDB). “Para ele, as soluções do atendimento adequado a saúde não passam pela demissão de funcionários de diretoria por se tratar de soluções inócuas que não trazem nenhum para atendimento ao usuário. As soluções estão no fortalecimento da atenção primária, redimensionamento adequado da Rede Pública de Saúde e atenção a saúde, aumento do número de leitos hospitalares, unidades hospitalares e dos profissionais de saúde” concluiu.

A falta da atenção primária é a maior preocupação do MPTDF. Segundo promotor da 1ª Pró SUS, Jairo Bisol, o impacto da atenção primária nas unidades hospitalares é grande e sobrecarrega os hospitais do DF. “O governo precisa pensar seriamente nas mudanças que estão sendo feitas na atenção primária, estão diminuindo o número de equipes e comprometendo a cobertura nas outras áreas. Encontramos déficit de estrutura e de RH nas unidades o que é muito grave, as equipes estão adoecendo porque estão atendendo acima do limite, com falta de leitos, profissionais e materiais, informou.

Para o presidente do Sindicato dos Médicos, Gutemberg Fialho, a situação é uma afronta a condição humana, tanto para os pacientes, quanto aos servidores que têm trabalhado doentes com a pressão no trabalho. “Os pacientes estão morrendo nos corredores. A gestão é incompetente e prefere agredir o servidor e jogar a responsabilidade para os profissionais. O governador não devia demitir os gestores, mas tirar o secretário de saúde que não têm oferecido condições para que os servidores atuem com dignidade”, opinou Gutemberg.

            O cronograma das próximas fiscalizações da força tarefa não será divulgado com antecedências para que não atrapalhe o andamento das ações. Mas após cada vistoria, o grupo vai informar o resultado encontrado no local visitado. As equipes acreditam que em quatro meses consigam finalizar o diagnóstico dos problemas nas unidades encontradas e apontar as soluções que a Secretaria de Saúde do DF deve tomar para saná-los.

 

 

 

 

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