O Conselho Federal de Medicina divulgou o levantamento de vistorias em hospitais ano passado. O Distrito Federal foi o estado que mais realizou fiscalizações

A problemática enfrentada diariamente pela população e profissionais de saúde que atuam sem condições dignas de trabalho fizeram com o que os Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) do país intensificassem as fiscalizações nas unidades de saúde. Um levantamento feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) mostra que em 2018, as Salas Cirúrgicas fiscalizadas e as Unidades de Internação estavam sem materiais, estrutura e equipamentos básicos.

Os dados foram levantados após a entrada em vigor do novo Manual de Vistoria e Fiscalização que estabelece critérios para a fiscalização em centros cirúrgicos, unidades de terapias intensivas, salas de recuperação pós-anestésica e unidades de internação, avaliando as condições estruturais, físicas e de equipamentos.

Em 102 salas cirúrgicas de 506 hospitais fiscalizados, um índice de 33% não tinha foco cirúrgico com bateria; 22% não possuíam negatoscópio para a leitura de imagens; 16% também não contavam com carro para anestesia ou monitor de pressão não invasivo; e 12% não dispunham de equipamentos básicos como fio guia e pinça condutora, entre outros problemas.

Nas salas de recuperação pós-anestésica a situação também é precaria: 28% dos centros cirúrgicos não tinham salas de recuperação pós-anestésica, sendo que em 18% faltavam oxímetros e em 19% não havia carrinhos de emergência. Também faltavam medicamentos básicos, como brometo de ipratrópio (15%), escopolamina (15%), diclofenaco de sódio (13%) e haloperidol (12%).

Já nas UTIs, muitas não ofereciam os serviços diagnósticos que se dispunham a oferecer. Em pelo menos 68 hospitais possuíam UTI, sendo que dessas unidades 32 (47%), não tinham monitor de pressão intracraniana (PIC). Em 41% faltavam monitor de débitos cardíacos, em 37% inexistia oftalmoscópio e em 31% não havia capnógrafo. As UTIs fiscalizadas também não estavam preparadas para transportar os pacientes em caso de piora do quadro clínico. Em 35% faltava ventilador mecânico para transporte com bateria, 29% não dispunham de monitor cardíaco para transporte e 21% não dispunham de maca com suporte de cilindro de oxigênio. Até equipamentos baratos, como relógios e calendários posicionados de forma a permitir a visualização, estavam ausentes em 21% das UTIs.

O Distrito Federal foi o estado que mais realizou fiscalizações em 2018, o departamento de fiscalização do CRM-DF (Defis) vistoriou 1.205 unidades da capital. As ações foram feitas por vários motivos, dentre eles, denúncias, sindicâncias, problemas financeiros e pendências. No gráfico abaixo podemos conferir estes dados:

 

Em 2019, o CRM-DF iniciou uma Força Tarefa nas unidades públicas de saúde em ação conjunta com o Ministério Público e Sindicatos locais e outros conselhos profissionais. O objetivo é traçar um diagnóstico preciso sobre a situação atual do Sistema Único de Saúde do DF. O primeiro hospital fiscalizado foi o Regional de Ceilândia, onde foram encontrados pacientes internados nos corredores, soros pendurados em locais improvisados, uma sala com pacientes internados em cadeiras por falta de macas, atendimento sem classificação de risco, aparelhos quebrados e sem manutenção, entre outros problemas.

Outras unidades de saúde serão alvos da Força Tarefa. O cronograma das próximas fiscalizações não será divulgado com antecedências para que não atrapalhe o andamento das ações. Mas após cada vistoria, o resultado será informado a população, aos médicos e grandes mídias. As equipes acreditam que em quatro meses consigam finalizar o diagnóstico dos problemas nas unidades encontradas e apontar as soluções que a Secretaria de Saúde do DF deve tomar para saná-los.

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