Aumento do número de casos de doenças mentais, o uso de álcool de outras drogas, agressões, estresses,

entre outros distúrbios foram comentados por especialistas

As mudanças de rotina e o medo de adoecer ou morrer por causa do novo coronavírus tem feito mal a saúde mental da população. Preocupado com a problemática, o Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) realizou nesta segunda-feira (10), um Webinar sobre Saúde Mental na Pandemia. O evento foi transmitido pelo Youtube do Conselho e ficará disponível na plataforma para quem quiser assistir.

Os participantes do evento, o presidente do CRM-DF, Farid Buitrago, a advogada e mestre em Bioética, Luciana Munhoz, e o psiquiatra e conselheiro, Carlos Guilherme Figueiredo, comentaram sobre o aumento do número de casos de doenças mentais, uso de álcool de outras drogas, agressões, estresses pós-traumático, entre outros distúrbios apresentados pelos pacientes durante a pandemia.

Apesar da capacidade humana de se adaptar, os surgimentos de tantas adversidades geraram uma sobrecarga de estresse que preocupa os profissionais de saúde mental. Segundo o psiquiatra Carlos Guilherme Figueiredo, um quarto da população sofreu, sofre ou sofrerá de algum transtorno psiquiátrico ao longo da vida, e com o surgimento da Covid-19, este número pode aumentar.

O médico explica a importância da população em cultivar uma rotina diária, fazer exercícios físicos, manter uma alimentação saudável e não deixar de ter convívio social com a família e os amigos, ainda que por vídeos-chamada ou pelas redes sociais. “Ter uma rotina diária com horários para dormir e acordar, fazer exercícios, se alimentar da maneira adequada e conversar com as pessoas para não se sentir sozinho, são algumas das formas de prevenir os transtornos de ansiedade. Precisamos manter distanciamento físico e não social”, explicou.

O presidente do CRM-DF Farid Buitrago, comentou que as doenças mentais ainda são tratadas como tabu no Brasil e que as pessoas ficam com medo de ficarem estigmatizadas e com a vida social comprometida. “Muitos ficam com vergonha de assumir que estão passando por dificuldades e que estão com transtornos mentais, mas é importante que elas procurem um médico especializado e façam o tratamento adequado. O acompanhamento é essencial nesses casos”, disse Farid.

O aumento da violência doméstica durante a pandemia também foi comentado durante o evento. Para a advogada Luciana Munhoz, a situação em que estamos vivendo é complicada, pois o lugar que teria que ser seguro, o lar das pessoas, para fugir do vírus, muitas vezes se torna ruim para quem sofre agressão. “Como tirar uma pessoa da sua casa e da família em um momento tão delicado, que ninguém pode ter contato para não se contaminar com o novo coronavirus, como tratar uma agressão? É tudo muito complexo neste momento. “A resposta para evitar a doença é ficar em casa, mas ficar em casa também tem causado insegurança, ansiedade, medo e adoecendo as pessoas”, comentou Luciana.

“A pessoa que sofre uma agressão dentro de casa pode ficar com estresse pós-traumático, tristeza, depressão e tudo isso pode piorar com o tempo. Esses casos têm que ser tratados com muita delicadeza, ainda mais em um momento tão incerto como o que estamos vivendo”, disse o médico Carlos Guilherme. 

Outro ponto abordado no Webinar pelo presidente do CRM-DF e o psiquiatra, foi o aumento do número de profissionais de saúde que se afastaram do trabalho por estresse de atuar na linha de frente, enfrentando as dificuldades de um novo vírus e com a falta de equipamentos, insumos e outros materiais, além de terem que evitar o contato com a família para evitar a contaminação da Covid-19. 

Cerca de 40% dos pacientes acometidos com o novo coronavírus que sobreviveram à doença também têm apresentado casos de problemas mentais. “Insônia, estresse pós- traumático, depressão, medo de morrer, transtorno de humor e traumas da doença estão presentes nos relatos dos pacientes. Ainda não sabemos o impacto da Covid na população após a pandemia, é tudo muito novo, por isso pedimos que as pessoas que sentirem alguma alteração comportamental que procure um médico especialista para iniciar o tratamento”, concluiu Carlos Guilherme.

 

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