A grande maioria dos egressos das escolas médicas preferem migrar para regiões mais desenvolvidas ou voltar para as capitais onde nasceram


O estudo Demografia Médica no Brasil – Volume 2 demonstrou que não se confirma a expectativa de que as escolas médicas sejam sempre polos em torno dos quais os médicos ali graduados exercerão a profissão. Após a conquista do diploma, os grandes centros são a opção preferencial para instalação dos médicos e exercem mais atração que as cidades onde eles se formaram ou nasceram.

Para chegar a esta conclusão, foi acompanhada, ao longo de três décadas, a migração de 225.024 médicos. Foram considerados o local de nascimento, o local de graduação e o primeiro registro em Conselho Regional de Medicina. Também foram analisados os cancelamentos de registros, por motivo de transferência do médico de um estado a outro. A análise foi de 1980 a 2009, período em que uma centena de novas escolas médicas foram criadas no país.

Do universo pesquisado, 107.114 médicos se graduaram em local diferente daquele onde nasceu. Nesse grupo, 39.390 (36,8%) retornaram ao município de onde saíram. As capitais dos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, juntas, são responsáveis por cerca de um terço desse percentual de retorno.

Ainda dentro do grupo de 107.114 médicos que se graduou em local diferente daquele onde nasceu, 27.106 (25,3%) ficaram na localidade onde se graduaram. Também nestes casos, são os centros urbanos que exercem atração sobre os egressos das escolas médicas. Cerca de 60% dos que ficaram onde se graduaram, permaneceram em sete capitais (Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Recife, Belo Horizonte, Salvador e Curitiba). Os outros 40.618 (37,9%) que se graduaram em local diferente de onde nasceu, estão hoje exercendo sua atividade ou residindo em outro lugar, diferente daquele onde nasceu e diferente daquele onde se graduou.

Concentração nas capitais – O perfil da migração de médicos é praticamente o mesmo em cada década analisada, mesmo nos anos após a abertura de muitas escolas no interior dos estados. O que se vê, no entanto, são pontos de concentração nas capitais e nas regiões mais desenvolvidas. Entre 1980 e 1989, por exemplo, 57% dos profissionais formados atuavam nas capitais e os outros 43% no interior dos estados. Na década seguinte, o percentual de médicos nas capitais se manteve o mesmo e, entre 2000 e 2009, subiu para 59,4%.

“Pode ser um indicador de que a simples abertura de mais escolas e mais vagas não basta para reduzir as desigualdades regionais em locais de baixa concentração de médicos. Muitas das novas escolas provavelmente se transformaram em ´repúblicas de estudantes´, com a maioria de seus graduandos migrando em direção a outros centros, assim que se forma”, aponta o estudo. De acordo com o CFM e Cremesp, o persistente fluxo de médicos em direção aos mesmos lugares pode agravar desigualdades e gerar consequências indesejadas ao sistema de saúde brasileiro, o que não se resolverá apenas com o aumento ou a interiorização da abertura de novas escolas.

Fonte: CFM

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